terça-feira, 22 de outubro de 2024

Resumo do filme "E Seu Nome é Jonas", de 1979-acadêmicos: Luís Augusto Mourão Barros, Tatiany Melo Lima.

 

O filme "E Seu Nome é Jonas", de 1979, aborda a trajetória de um menino surdo chamado Jonas, que, por equívoco, foi inicialmente diagnosticado como deficiente mental. A obra apresenta de forma sensível os desafios enfrentados por ele e sua família, desde o diagnóstico errado até a superação de barreiras sociais e educacionais impostas pela falta de compreensão sobre a surdez. A partir desse contexto, é possível analisar as questões relacionadas à exclusão, discriminação e as dificuldades que as pessoas surdas enfrentam na busca por integração e respeito na sociedade.

No início do filme, Jonas foi diagnosticado como deficiente mental por médicos que não perceberam que ele, na verdade, era surdo. Os pais, confiando na autoridade médica, levaram Jonas para um hospital psiquiátrico, acreditando que o filho precisava de cuidados especializados para lidar com uma suposta deficiência mental. Esta questão reflete a falta de conhecimento sobre a surdez por parte dos profissionais da época e a pressão que os pais de crianças com necessidades especiais enfrentam ao tentarem obter o melhor para seus filhos. Além disso, a família era influenciada por estigmas e preconceitos sociais, acreditando que qualquer comportamento "anormal" de Jonas se devia à incapacidade intelectual, em vez de uma barreira de comunicação.

A percepção errônea dos amigos, vizinhos e parentes de Jonas de que ele era deficiente mental e incapaz se deve à falta de informação e compreensão sobre a surdez. Naquela época, e ainda hoje em alguns contextos, a surdez era associada diretamente à incapacidade cognitiva.

Mas como Jonas não se comunicava da forma esperada, utilizando a fala ou reagindo de acordo com os padrões sociais, as pessoas ao seu redor o consideravam mentalmente incapaz. O comportamento dele, como o silêncio ou a dificuldade em interagir, era visto como prova de sua "inadequação" e, portanto, essas pessoas não entendiam que ele precisava apenas de uma forma diferente de se comunicar, como a língua de sinais, e não de um tratamento para deficiência intelectual, mas a desinformação e a falta de conhecimento se tornou uma barreira.

Neste sentido a principal compreensão que falta aos que cercam Jonas é a de que a surdez é uma questão linguística e cultural, não um indicativo de deficiência mental ou falta de capacidade intelectual. Por não saberem como lidar com uma criança que não responde verbalmente, as pessoas ao redor de Jonas o marginalizam e o isolam, tratando-o como alguém incapaz de aprender ou interagir com o mundo. Falta a compreensão de que a educação de uma criança surda precisa ser ajustada para sua realidade, com o uso de métodos visuais e da língua de sinais. A falta de uma abordagem inclusiva e de uma comunicação efetiva impede Jonas de participar plenamente da sociedade e ser reconhecido como uma pessoa com potencial.

No filme depois de algum tempo a mãe de Jonas começa a perceber que o filho é surdo e que seu verdadeiro problema está relacionado à comunicação, e não à capacidade cognitiva, ao longo do filme. Ela nota que Jonas responde a estímulos visuais e tenta interagir de outras formas. Em um determinado momento, ela descobre a existência da língua de sinais, em um centro ou grupo especializado no apoio a surdos. Isso a faz buscar uma forma de aprender e ensinar essa linguagem a Jonas, compreendendo finalmente que ele é capaz de se comunicar, apenas precisa de uma forma que seja acessível para ele. Essa conscientização marca um ponto de virada no desenvolvimento do relacionamento entre ela e o filho no filme.

Já a relação entre o pai de Jonas e Jonas é retratada no filme de maneira bastante complexa. O pai, inicialmente, tem dificuldades em lidar com a situação de ter um filho que não segue o padrão típico de desenvolvimento. Ele não compreende totalmente a surdez de Jonas e, por isso, tende a se afastar emocionalmente do filho. A falta de conhecimento e o estigma associado à deficiência faz com que o pai se sinta frustrado e impotente, o que afeta sua interação com o filho. Em certos momentos, é possível notar que ele deseja se conectar com Jonas, mas, por não entender ou compreender como fazê-lo, ele acaba se distanciando. Mas esta dinâmica muda ao longo do filme, com à medida que a família como um todo começa a entender melhor as necessidades de Jonas.

No filme pode se perceber, que Jonas conseguiu entender e compreender os sinais e significados através da visualização, que é uma das características centrais da comunicação de pessoas surdas. A língua de sinais, por ser uma linguagem visual e gestual, permite que ele se expresse e entenda o mundo ao seu redor.

A compreensão de Jonas melhorou significativamente quando ele teve acesso a uma forma de comunicação com um suporte adequado, pois ele já tinha capacidade cognitiva para aprender mostrando que ele não tinha nenhum tipo de deficiência, mas sim que precisava de uma via de comunicação que fosse acessível a ele. A partir do momento em que passou a se comunicar por sinais, Jonas começou a se conectar com sua família e o ambiente ao seu redor, mostrando que a surdez não era um impedimento para sua compreensão do mundo, mas sim a falta de ferramentas adequadas.

Ainda hoje infelizmente, muitos surdos ainda enfrentam barreiras significativas na sociedade, tanto no aspecto educacional quanto profissional. Embora tenha havido progressos, as oportunidades para surdos ainda são bem baixas e limitadas em várias áreas devido à falta de acessibilidade e à discriminação. No entanto, quando crianças surdas têm contato com surdos adultos que são bem-sucedidos, isso se torna um fator de empoderamento e inspiração pois mostra que os mesmos também podem conseguir. Esses modelos mostram que é possível superar barreiras e ter uma vida plena, o que fortalece a autoestima e a confiança das crianças. Além do mais, os surdos adultos podem ensinar habilidades importantes, como a língua de sinais, e transmitir experiências de vida que ajudam as crianças a navegarem por uma sociedade que muitas vezes não é inclusiva.

Por fim o filme apresenta várias questões em torno da educação de crianças surdas. Uma das desvantagens claramente mostrada é a falta de métodos adequados para educar crianças surdas em um ambiente que privilegia a comunicação oral. Jonas foi inicialmente rotulado como deficiente mental, em parte porque o sistema educacional e médico não considerou a possibilidade de usar métodos visuais e a língua de sinais desde o início. A vantagem, por outro lado, aparece quando a mãe de Jonas aprende sobre a língua de sinais e a importância de educá-lo de forma acessível. Isso demonstra que, com as ferramentas corretas, as crianças surdas podem aprender e se desenvolver plenamente. O filme destaca a importância de métodos educacionais inclusivos que respeitem as particularidades de cada aluno, em vez de impor uma abordagem única para todos.

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" A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem". - Paulo Freire

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