O
filme "E Seu Nome é Jonas", de 1979, aborda a trajetória de um menino
surdo chamado Jonas, que, por equívoco, foi inicialmente diagnosticado como
deficiente mental. A obra apresenta de forma sensível os desafios enfrentados
por ele e sua família, desde o diagnóstico errado até a superação de barreiras
sociais e educacionais impostas pela falta de compreensão sobre a surdez. A
partir desse contexto, é possível analisar as questões relacionadas à exclusão,
discriminação e as dificuldades que as pessoas surdas enfrentam na busca por
integração e respeito na sociedade.
No
início do filme, Jonas foi diagnosticado como deficiente mental por médicos que
não perceberam que ele, na verdade, era surdo. Os pais, confiando na autoridade
médica, levaram Jonas para um hospital psiquiátrico, acreditando que o filho
precisava de cuidados especializados para lidar com uma suposta deficiência
mental. Esta questão reflete a falta de conhecimento sobre a surdez por parte
dos profissionais da época e a pressão que os pais de crianças com necessidades
especiais enfrentam ao tentarem obter o melhor para seus filhos. Além disso, a
família era influenciada por estigmas e preconceitos sociais, acreditando que
qualquer comportamento "anormal" de Jonas se devia à incapacidade
intelectual, em vez de uma barreira de comunicação.
A
percepção errônea dos amigos, vizinhos e parentes de Jonas de que ele era
deficiente mental e incapaz se deve à falta de informação e compreensão sobre a
surdez. Naquela época, e ainda hoje em alguns contextos, a surdez era associada
diretamente à incapacidade cognitiva.
Mas
como Jonas não se comunicava da forma esperada, utilizando a fala ou reagindo
de acordo com os padrões sociais, as pessoas ao seu redor o consideravam
mentalmente incapaz. O comportamento dele, como o silêncio ou a dificuldade em
interagir, era visto como prova de sua "inadequação" e, portanto,
essas pessoas não entendiam que ele precisava apenas de uma forma diferente de
se comunicar, como a língua de sinais, e não de um tratamento para deficiência
intelectual, mas a desinformação e a falta de conhecimento se tornou uma
barreira.
Neste
sentido a principal compreensão que falta aos que cercam Jonas é a de que a
surdez é uma questão linguística e cultural, não um indicativo de deficiência
mental ou falta de capacidade intelectual. Por não saberem como lidar com uma
criança que não responde verbalmente, as pessoas ao redor de Jonas o
marginalizam e o isolam, tratando-o como alguém incapaz de aprender ou
interagir com o mundo. Falta a compreensão de que a educação de uma criança
surda precisa ser ajustada para sua realidade, com o uso de métodos visuais e
da língua de sinais. A falta de uma abordagem inclusiva e de uma comunicação
efetiva impede Jonas de participar plenamente da sociedade e ser reconhecido
como uma pessoa com potencial.
No
filme depois de algum tempo a mãe de Jonas começa a perceber que o filho é
surdo e que seu verdadeiro problema está relacionado à comunicação, e não à
capacidade cognitiva, ao longo do filme. Ela nota que Jonas responde a
estímulos visuais e tenta interagir de outras formas. Em um determinado
momento, ela descobre a existência da língua de sinais, em um centro ou grupo
especializado no apoio a surdos. Isso a faz buscar uma forma de aprender e
ensinar essa linguagem a Jonas, compreendendo finalmente que ele é capaz de se
comunicar, apenas precisa de uma forma que seja acessível para ele. Essa
conscientização marca um ponto de virada no desenvolvimento do relacionamento
entre ela e o filho no filme.
Já
a relação entre o pai de Jonas e Jonas é retratada no filme de maneira bastante
complexa. O pai, inicialmente, tem dificuldades em lidar com a situação de ter
um filho que não segue o padrão típico de desenvolvimento. Ele não compreende
totalmente a surdez de Jonas e, por isso, tende a se afastar emocionalmente do
filho. A falta de conhecimento e o estigma associado à deficiência faz com que
o pai se sinta frustrado e impotente, o que afeta sua interação com o filho. Em
certos momentos, é possível notar que ele deseja se conectar com Jonas, mas,
por não entender ou compreender como fazê-lo, ele acaba se distanciando. Mas
esta dinâmica muda ao longo do filme, com à medida que a família como um todo
começa a entender melhor as necessidades de Jonas.
No
filme pode se perceber, que Jonas conseguiu entender e compreender os sinais e
significados através da visualização, que é uma das características centrais da
comunicação de pessoas surdas. A língua de sinais, por ser uma linguagem visual
e gestual, permite que ele se expresse e entenda o mundo ao seu redor.
A
compreensão de Jonas melhorou significativamente quando ele teve acesso a uma
forma de comunicação com um suporte adequado, pois ele já tinha capacidade
cognitiva para aprender mostrando que ele não tinha nenhum tipo de deficiência,
mas sim que precisava de uma via de comunicação que fosse acessível a ele. A
partir do momento em que passou a se comunicar por sinais, Jonas começou a se
conectar com sua família e o ambiente ao seu redor, mostrando que a surdez não
era um impedimento para sua compreensão do mundo, mas sim a falta de
ferramentas adequadas.
Ainda
hoje infelizmente, muitos surdos ainda enfrentam barreiras significativas na
sociedade, tanto no aspecto educacional quanto profissional. Embora tenha
havido progressos, as oportunidades para surdos ainda são bem baixas e
limitadas em várias áreas devido à falta de acessibilidade e à discriminação.
No entanto, quando crianças surdas têm contato com surdos adultos que são
bem-sucedidos, isso se torna um fator de empoderamento e inspiração pois mostra
que os mesmos também podem conseguir. Esses modelos mostram que é possível
superar barreiras e ter uma vida plena, o que fortalece a autoestima e a
confiança das crianças. Além do mais, os surdos adultos podem ensinar
habilidades importantes, como a língua de sinais, e transmitir experiências de
vida que ajudam as crianças a navegarem por uma sociedade que muitas vezes não
é inclusiva.
Por
fim o filme apresenta várias questões em torno da educação de crianças surdas.
Uma das desvantagens claramente mostrada é a falta de métodos adequados para
educar crianças surdas em um ambiente que privilegia a comunicação oral. Jonas
foi inicialmente rotulado como deficiente mental, em parte porque o sistema
educacional e médico não considerou a possibilidade de usar métodos visuais e a
língua de sinais desde o início. A vantagem, por outro lado, aparece quando a
mãe de Jonas aprende sobre a língua de sinais e a importância de educá-lo de
forma acessível. Isso demonstra que, com as ferramentas corretas, as crianças
surdas podem aprender e se desenvolver plenamente. O filme destaca a
importância de métodos educacionais inclusivos que respeitem as particularidades
de cada aluno, em vez de impor uma abordagem única para todos.